terça-feira, 27 de março de 2007

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Seasons came and changed the time
Nancy Sinatra
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Fotografia: Aurora
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[Eu vou guardar cada lugar teu.]
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quase Mafalda Veiga

sexta-feira, 23 de março de 2007

"Tu nunca te esqueças. Nunca!"




Mr. Muscle forcing bursting
Stingy thingy into little me, me, me
But just "ripple" said the cripple
As my jaw dropped to the ground
Smile smile

It's true I always wanted love to be
Hurtful
And it's true I always wanted love to be
Filled with pain
And bruises

Yes, so Cripple-Pig was happy
Screamed " I just compeletely love you!
And there's no rhyme or reason
I'm changing like the seasons
Watch! I'll even cut off my finger
It will grow back like a Starfish!
It will grow back like a Starfish!
It will grow back like a Starfish!"

Mr. Muscle, gazing boredly
And he checking time did punch me
And I sighed and bleeded like a windfall
Happy bleedy, happy bruisy

I am very happy
So please hit me
I am very very happy
So please hurt me


I am very happy
So please hit me
I am very very happy
So come on hurt me

I'll grow back like a Starfish!
I'll grow back like a Starfish !
I'll grow back like a Starfish!
I'll grow back like a Starfish!

I'll grow back like a Starfish!
I'll grow back like a Starfish!
I'll grow back like a Starfish!
I'll grow back like a Starfish!
Like a Starfish...
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Antony and The Jonhsons - Cripple and Starfish

segunda-feira, 19 de março de 2007

primeira jornada de uma falsa memória
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When I offer you survival, You say it's hard enough to live.
Bling - The killers

Fotografia de Alfred Stieglitz , 1919

[ dizes que as minhas palavras te rasgam a carne - que a minha voz te parte o sentir em mil pedaços [impossíveis de voltar a juntar]. dizes que todas as cores se somaram no cinzento que és e que eu só fiquei para te lembrar - dizes que não te queres lembrar. dizes que sou eu quem impede em ti a ausência do mundo inteiro - que quando entro o mundo [inteiro] entra comigo. dizes que não queres e amaldiçoarás quem beba [falsa] tristeza da tua morte e nunca te soube ver e sorrir se não nessa hora [ entre todas a menos angustiante de [não] seres]. dizes que choras e ficas porque te pus o mundo inteiro na palma das mãos - e que talvez o mundo inteiro te baste para seres outra vez. ]

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sábado, 10 de março de 2007

acabamentos de primeira*

Saio, quando já tenho vontade de ficar, e arrasto comigo a mala carregada de promessas em migalhas e vazios inúteis. Perguntas-me, com os olhos, o que levo que tanto me possa pesar e eu, mais baixinho ainda, respondo: "Levo todos os sóis e todos os sonhos para não mais voltar."
Desço as escadas, cada passo um degrau, e encontro a minha cidade. Coimbra, bonita no bater de todas as horas, de todos os pulsos, de todos os corações. Coimbra do mesmo dia de há cinco anos atrás, olhada com os mesmos olhos rasgados (os meus) de entusiasmo que já confunde a saudade de um passado que afinal não foi assim há tanto tempo. Coimbra, do Papa morto que vive com os braços voltados para o lado errado. Coimbra, dos fins-de-semana parados. Coimbra, sempre demasiado grande para encontrarmos as pessoas que não queremos perder e demasiado pequena para as podermos esquecer. Coimbra dos meus segredos.
Respiro o mesmo ar desse dia (e tudo à minha volta respira a minha paz descansada de despedida perfeita) e atravesso a avenida das árvores catalogadas a ouvir uma música que estará sempre presa a ti.
Quando entro no autocarro bate-me com força de tempestade a sensação de não saber para onde vou, de ter entrado no autocarro errado, mas na tarde azul demais sorrio com toda a força que tenho e esqueço-te. Não volto a ti. Mesmo que esta estrada tivesse dois sentidos, que não tem, não volto a ti. Porque nos nossos relógios há já muito que não batem as mesmas horas.
* " Hated to see you sad when I left
There's no good in that but the good part was
That I came out at all 'cause I don't venture out
Into the lives of the new
I want you to come along for the ride
How long will you stay for your whole life
You just know you should
Can you tell me can you tell me can you tell
if there's something better
'Cause you know there always is
There always is."
Cat Power

terça-feira, 6 de março de 2007

Yann Tiersen em Portugal

Foi Amélie Poulain quem me apresentou Yann Tiersen. Feliz encontro, o meu e o dele, e sobretudo o de Tiersen e Jeunet em que a música e o cinema franceses ganham um novo fôlego e ultrapassam finalmente fronteiras. Nascido em 1970, com 6 anos passou a frequentar um conservatório de música, onde estudou violoncelo, piano, acordeão, violino, guitarra e composição. A carreira do multi-intrumentalista bretão, apesar de ter estado desde sempre intimamente ligado à música, começa em 1995 com La Valse des Monstres, seguido de Rue des Cascades (1996) e Le Phare em 1998. Em 1999 lança ainda Tout est Calme e Black Session. L'Absente é editado em 2001 antes da banda sonora de Le Fabuleux destine d'Amélie Poulain. Contrariamente ao que se pensa, as músicas que fazem parte da banda sonora não foram todas compostas propositadamente para o filme: muitas estão espalhadas pela discografia editada do autor, como A quai ou Les Jours Tristes. Em 2002 é a vez de C'était ici e em 2003 aparece-nos com a banda sonora de Good Bye Lenin!. A manipulação da personagem principal através da música repete-se e Alex, de Good bye Lenin!, aparece-nos como uma Amélie a tentar recriar uma RDA desaparecida. Em 2004 lança um álbum com Shannon Wright que não surpreende e a banda sonora de La Traversée de Aurelié du Boys. Les Retrouvailles, editado em 2005, conta com as ilustres vozes de Liz Fraser (Cocteau Twins), Stuart Staples (Tindersticks) e Jane Birkin, entre outros. O álbum pretendeu ser, na expressão de Tiersen, a ligação com L'Absente, e ouça-se com atenção A Secret Place na inconfundível voz de Stuart Staples.
On tour, o último albúm, será, ainda segundo ele, a tentativa de voltar à intensidade das primeiras canções que escreveu na adolescência e que jamais foram editadas. E é este o álbum que vem apresentar a Portugal, hoje em Vila Nova de Famalicão e amanhã em Lisboa. Visitou Portugal pela primeira vez em 2002 e esteve cá pelo menos mais cinco vezes com salas sempre esgotadas. Desengane-se quem vai a um concerto de Yann Tiersen à espera de encontrar as baladas e a melancolia do Fabuloso Destino de Amélie ou de L'Absente. Minimalista e melancólico, no palco revela-se um exorcista de sensações instrumentalista e não intimista. Ouvidos mais sensíveis e nostálgicos podem desiludir-se. Desiludida ou fascinada a plateia não deixará de se surpreender.

quinta-feira, 1 de março de 2007

Sons com memória

no primeiro de março a contar pelos dedos eu conto histórias.
faço às minhas memórias um inventário feliz, que sei registado em números errados, absoluto de horizontes e luares sem imperfeição e anoiteço todas as lembranças carregadas
de mais erros do que aqueles que eu queria suportar. no primeiro
sol da tarde, as nossas manhãs, escuto o que está à minha volta desde que as
estações começaram a passar e reconheço, sem degraus, o fim
enganoso
a que me levou a saudade. ao raspar a noite eu estou calada e no silêncio sem traços de engano
perdoo(-te)-me, porque mesmo nas
penas e nas cinzas, foste tu quem cobriu de sal as minhas madrugadas
de gelo.