sábado, 27 de setembro de 2008

Futuralmente Diferentes
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Acabo de ler uma entrevista a Mia Couto em que ele explica que em certas tribos africanas a palavra "futuro" não existe. Existe a ideia de futuro, mas anteciparem-se a ele [idealizar o amanhã] representa uma transgressão, porque o território do futuro pertence aos deuses. Ao contrário da nossa ocidental ideia de que o futuro está além, para ele esse bicho é uma construção do momento, que é como quem diz, o futuro não é "agora", mas é imediatamente a seguir. Num exemplo prático isto pode significar que nós, ocidentalizados até aos ossos, antes de fazer um bolo já pusemos a mesa, abrimos o vinho, e convidamos os amigos, enquanto eles aguardam pacientemente até ao final da confecção do manjar para depois poderem fazer tudo isso. É que afinal o bolo não existe até ao momento em que está realmente pronto, até porque a coisa pode correr mal e o dito cujo pode nunca vir a existir. E ora bem, é ver-nos a nós a roer as unhas porque as coisas não correm/correram como planeamos, e é vê-los a aceitar o presente, porque nem sequer o "daqui a bocado" lhes pertence.

3 comentários:

Unknown disse...

Tivemos tempinho para ler nas férias... boa...
E música? não há?

Lizzie disse...

férias?! não sei do que falas... de qualquer forma, ler não é passatempo, é rotina. já te trago a música... com ou sem gelo?

Maria Ostra disse...

Ahah!:D Os comments, os vossos...
Gosto da máxima do Carpe Diem... Provavelmente porque os dramas me horrorizam até à medula, e acho pavoroso ter que esperar pelo Céu...